Estudo da Deloitte: 2 terços dos Millennials querem mudar de empresa nos próximos 4 anos

Dois terços dos Millennials desejam deixar as organizações onde trabalham atualmente até 2020, revela estudo da Deloitte.

  • A lealdade dos Millennials às suas organizações está diretamente relacionada com as oportunidades de desenvolvimento de liderança, com a flexibilidade no local de trabalho e com o sentido de propósito que vai para lá do mero lucro.
  • Os valores pessoais orientam as escolhas de carreira dos Millennials; 56 por cento não avaliam a hipótese de trabalharem para determinadas empresas tendo em consideração a conduta ou os valores das mesmas, enquanto 49 por cento rejeitaram já tarefas que entram em conflito com os seus valores ou noção de ética.

 As empresas devem ajustar-se às melhores formas de fomentar a lealdade dos Millennials, sob o risco de perderem uma elevada percentagem da sua força de trabalho, revela a quinta edição do Millennial Survey da Deloitte. Cerca de 44 por cento dos Millennials referem que, se tiverem essa escolha, esperam abandonar a empresa onde trabalham nos próximos dois anos. Esse número aumenta para 66% quando o período em causa aumenta para 2020. As conclusões foram reveladas num estudo que contou com a participação de 7.700 Millennials de 29 países, elaborado durante os meses de setembro e outubro de 2015.

As preocupações relativas à falta de desenvolvimento de competências de liderança e aos sentimentos de negligência foram muitas vezes referidas pelos colaboradores que consideram mudanças a curto prazo nas suas carreiras. Mas questões mais abrangentes, relacionadas com o equilíbrio entre a vida pessoal e profissional, o desejo de flexibilidade e as diferenças em torno dos valores da empresa estão também a influenciar as suas opiniões e comportamentos. Os Millennials são aparentemente orientados por sólidos valores em todas as fases das suas carreiras. Isso revela-se nas empresas onde escolhem trabalhar, nas tarefas que estão dispostos a aceitar e nas decisões que tomam à medida que assumem posições de maior destaque e com mais responsabilidade na empresa. Muito embora continuem a expressar uma opinião positiva do papel das empresas na sociedade e a diminuir a sua perceção negativa acerca das motivações e da ética face a anos anteriores, os Millennials continuam a desejar que as empresas e os negócios se foquem mais nas pessoas (colaboradores, clientes e sociedade), nos produtos e no propósito – e menos nos lucros.

“Os Millennials dão grande importância aos propósitos das suas organizações que vão para lá do sucesso financeiro, mantendo-se fiéis aos seus valores e às oportunidades de desenvolvimento profissional. Os líderes precisam de demonstrar que valorizam estas prioridades ou as suas organizações continuarão em risco de perder grande parte da força de trabalho”, destaca Punit Renjen, CEO da Deloitte Global. “Felizmente, os Millennials disponibilizaram aos seus empregadores um caminho de como estas podem responder às suas necessidades de satisfação na carreira e de desenvolvimento profissional”.

Assegurar a lealdade dos Millennials

 Os Millennials procuram empresas com valores semelhantes. Sete em cada 10 acreditam que os seus valores pessoais são partilhados pelas organizações onde trabalham. Esta é uma informação estratégica para as empresas que pretendem manter os seus colaboradores mais novos.

Dar uma resposta à questão do propósito das empresas será também crítico para atrair e conseguir reter os Millennials. Estes pretendem trabalhar em organizações que se focam no desenvolvimento de competências, na melhoria das condições salariais e dos “níveis de satisfação” dos seus colaboradores; mas também que sejam capazes de criar empregos e disponibilizar bens e serviços que têm um impacto positivo nas vidas das pessoas. Os Millennials reconhecem que as empresas devem ser lucrativas e ter a pretensão de crescer, mas sentem que estas muitas vezes se focam em demasia nestes objetivos. Para esta geração, as organizações com um forte sentido de propósito irão alcançar um sucesso a longo prazo, enquanto organizações que não o têm estão em risco.

De acordo com o estudo da Deloitte, as empresas que terão mais sucesso na retenção de colaboradores Millennials são aquelas que disponibilizam oportunidades de desenvolvimento de competências de liderança, que facilitam as ligações entre os Millennials e mentores e que encorajam um salutar equilíbrio entre a vida pessoal e a profissional. Mas também aquelas que fomentam a flexibilidade, que permite que estes talentos trabalhem onde são mais produtivos, e que reconhecem e premeiam a abertura na comunicação, o comportamento ético e a capacidade de inclusão.

Prevalência dos valores e objetivos tradicionais e menos compromissos

Contrariamente ao que se pensa, o estudo deixa claro que os Millennials não são particularmente influenciados pelo “buzz” em torno de negócios ou empresas específicos. Os inquiridos indicam ainda pouco desejo em se tornarem famosos, beneficiarem de um alto perfil nas redes sociais ou de acumularem riqueza. Ao invés – e em termos gerais – têm objetivos tradicionais. Querem ser donos das suas casas, ter um companheiro para a vida e estabilidade financeira que lhes permita poupar dinheiro suficiente para mais tarde auferirem de uma reforma confortável. A ambição de contribuir positivamente para o sucesso das suas organizações e/ou para o mundo em geral também é valorizada.

Quando questionados acerca do nível de influência que os diferentes fatores têm no seu processo de tomada de decisão, o argumento “os meus valores pessoais e morais” surgiu em primeiro lugar. A maioria dos Millennials não tem qualquer problema em manter-se fiel aos seus princípios quando é confrontada com uma tarefa que vai contra os seus valores. Acontece também com os Millennials mais seniores, que se mantêm fiéis aos seus princípios, mesmo junto do conselho de administração – o que sugere que os futuros líderes vão basear as suas decisões tanto nos valores pessoais, como no objetivo de cumprir metas específicas para a empresa.

“Há uma geração atrás, muitos profissionais procuravam relações duradouras com os seus empregadores, e poucos se atreviam a dizer “não” a superiores quando estes lhes atribuíam tarefas ou projetos”, sublinha Punit Renjen. “Mas os Millennials são mais independentes e tendem a colocar os seus valores pessoais à frente dos objetivos das suas organizações. Estão a redefinir o sucesso profissional, gerindo de forma proativa as suas carreiras, e os seus valores não parecem alterar-se à medida que progridem profissionalmente, facto que poderá ter um profundo impacto na forma como os negócios serão feitos no futuro”.

Principais conclusões do Millennial Survey:

  • Elevada correlação entre satisfação e objetivo. Quarenta por cento dos Millennials que dizem beneficiar de uma elevada satisfação profissional, e 40% dos que pretendem continuar nos seus atuais empregos para lá de 2020, referem que as empresas para as quais trabalham apresentam um forte sentido de propósito para lá do simples sucesso financeiro. Entre os inquiridos que apresentam baixos níveis de satisfação, os números são de 22 e 26 por cento, respetivamente.
  • Há mais do que fatores económicos na base da saída dos Millennials. O desejo de deixarem o seu emprego atual durante os próximos cinco anos é maior entre os Millennials em mercados emergentes (69%) que em economias de países desenvolvidos (61%). No entanto, existem valores discrepantes – incluindo os do Reino Unido, onde se verifica uma percentagem de 71% – que sugerem que a intenção de mudar de emprego não se prende apenas com o cenário económico.
  • Empresas geram impactos positivos. Os Millennials continuam a ter as empresas em grande estima. Três quartos (73%) reafirmam que elas têm um impacto positivo na sociedade. Este número não se alterou desde 2014 e revela que, independentemente da desaceleração de algumas economias locais e regionais, os Millennials continuam a confiar no potencial das empresas para impactar positivamente a sociedade.
  • Descontentes com o desenvolvimento de competências de liderança. Quase dois terços (63 por cento) dos Millennials sentem que as suas competências de liderança não estão a ser desenvolvidas como deveriam, e 71% dos profissionais que revelam intenções de deixar a empresa nos próximos dois anos estão insatisfeitos com a forma como esses skills estão a ser desenvolvidos – 17 pontos percentuais acima do grupo que pretende ficar na empresa para lá de 2020.
  • Focados na produtividade e no crescimento pessoal. Os Millennials querem dedicar mais tempo a discutir novas formas de trabalho, a desenvolverem as suas competências e a receberem orientações dos seus mentores.
  • A procura de flexibilidade. Três quartos dos Millennials prefeririam trabalhar em casa ou em outros locais onde consideram que seriam mais produtivos. No entanto, apenas 43 por cento contam neste momento com esta flexibilidade.
  • Ao comando da carreira. Três quartos dos Millennials (77 por cento) sentem controlar totalmente a sua carreira.

Aceda ao relatório sobre os Millennial aqui.

 

25/01/2016