As autoridades francesas rejeitaram o pedido de naturalização de uma enfermeira, argumentando que ela estaria a trabalhar demasiado, nos empregos que tem.
A Câmara Municipal de Val-de-Marne, perto de Paris, negou a sua solicitação no passado mês de junho, dando como justificação para a recusa o facto de que ela “estaria a violar as regras do horário de trabalho”.
Amplamente partilhada nas redes sociais, a carta oficial – que as autoridades confirmiram como legítima à Euronews – detalha que, além de seu trabalho numa clínica, a enfermeira também recebe uma média mensal de 119 horas de turno efetuados em duas outras instituições médicas.
“Assim, você acumula três empregos com uma duração mensal de 271 horas de trabalho”, afirmou o porta-voz das autoridades francesas.
A lei francesa estipula que os funcionários não podem trabalhar mais de 48 horas numa semana ou uma média semanal de 44 horas num período de 12 semanas.
Por exemplo, um funcionário que trabalha 48 horas por semana durante 6 semanas e, em seguida, 40 horas nas seis semanas seguintes, terá respeitado a lei, uma vez que a média é de 44 horas semanais em 12 semanas.
Um porta-voz da Câmara Municipal disse que o seu pedido de cidadania iria ser adiado por dois anos “para lhe dar tempo de cumprir a legislação”.
A decisão foi amplamente condenada nas redes sociais, com o legislador centrista Jean-Christophe Lagarde a escrever no Twitter: “No nosso país, os racistas mais firmes dizem que os estrangeiros não trabalham. Mas o Estado pode fazer isso?”
O líder sindical Jerome Marty, um médico, também expressou a sua estupefação com esta decisão.
“Trabalho de 60 a 70 horas por semana, como inúmeros médicos, enfermeiros … e nem falo dos estagiários que trabalham de 80 a 90 horas por semana”, escreveu no Twitter.
Segundo o Eurostat, os funcionários da UE passaram em média 40,3 horas por semana nos seus principais empregos em 2016.
Verificou-se que os funcionários a tempo inteiro do Reino Unido passam o maior número de horas por semana no seu trabalho principal (42,3 horas), enquanto os franceses e holandeses passam uma média semanal de 39,0 horas – um pouco acima da semana de trabalho mais curta da UE registada na Itália com 38,8 horas.