O New York Times escreve um artigo sobre um ‘cantinho’ industrial em França que tem mais de 18 mil empregos disponíveis, mas tem muita dificuldade em arranjar mão de obra.
OYONNAX, França – Ao longo de uma vasta planície alpina, centenas de fábricas estão a produzir frascos de perfume de plástico, peças de automóvel e ferramentas industriais. Camiões atravessam montanhas transportando milhares de mercadorias prontas para exportação. Em outdoors e armazéns, as placas “Estamos a contratar!” abundam.
Os empregos são muitos em Ain, uma região industrial no leste da França conhecida como “Vale dos Plásticos”. Mas as empresas nessa fronteira florestal do outro lado da Suíça atrasaram a produção porque não conseguem encontrar trabalhadores suficientes para uma linha de produção que exige cada vez mais conhecimento em informática.
“É um travão à competitividade”, disse Gilles Pernoud, presidente e executivo-chefe do Groupe Pernoud, dono de uma fábrica de moldes por injeção de peças plásticas para a BMW e outras marcas. Ele disse que recusou contratos no valor de quase um milhão de euros nos últimos dois anos, porque não conseguiu encontrar pessoas qualificadas na região ou em qualquer lugar da França que quisessem um emprego na fábrica.
“Precisamos de mais funcionários com experiência em tecnologia”, disse Pernoud, apontando para uma máquina robótica envolta em vidro no chão de fábrica, programada por um trabalhador para produzir um molde de aço de precisão. “Mas poucas pessoas estão dispostas a aceitar esses empregos.”
A França, como muitos países da Europa, tem um problema de emprego. Mas num país onde milhares de pessoas saíram às ruas no movimento dos Coletes Amarelos para protestar contra a desigualdade de rendimentos e a falta de oportunidades económicas, há algo estranho.
Apesar de uma taxa de desemprego superior a 8% – a mais alta da Europa depois da Itália, Espanha e Grécia – mais de um quarto de milhão de empregos não são preenchidos. As empresas não conseguem encontrar pessoas para trabalhar como, engenheiro, empregado de mesa, cozinheiro. E a lista continua.
Mas em nenhum outro lugar o desafio é tão grave como na indústria manufatureira, onde quase 40% das empresas falam numa escassez de mão de obra. Na região de Ain, que é especializada no fabrico de peças de plástico e máquinas, pelo menos 18.000 empregos estão em aberto.
A França precisa de uma solução rapidamente. Depois de se recuperar de uma recessão em queda dupla durante a crise financeira, a economia está a desacelerar novamente, desta vez na ordem dos 1,7%, à medida que a recuperação da Europa esfria.
Os empregadores dizem que a manufatura tem um problema de imagem após décadas de concorrência barata da Ásia e da Europa Oriental, fechando-se fábricas em toda a França. A indústria encolheu para 10% da economia hoje, contra 25% na década de 1960. Recentes encerramentos de fábricas na Ford, Alstom e Whirlpool ainda contribuíram mais para tal.
O presidente Emmanuel Macron está a tentar eliminar obstáculos, em parte modernizando o sistema educacional. Apenas cerca de um terço dos estudantes franceses buscam formação vocacional.
Por outro lado, na Alemanha, cerca de metade dos jovens de 16 a 24 anos ingressam em estágios que incluem trabalhos práticos na Siemens, Daimler e outras marcas. Na França, dizem os fabricantes, a formação é menos intensiva e não produz mais pessoas com competências para a atual quantidade de empregos.
Deixamos em baixo o link para a página da EURES, onde estão disponíveis mais de 400 mil vagas em França. Nestas 400 mil, devem estar uma grande quantidade referente à indústria e à problemática descrita acima, na região de Ain.
07/01/2020