Frequentemente, a orientação de uma pessoa mais nova é sinónimo de um fardo que uns quantos, pouco sortudos, têm de suportar.
Uma visão egoísta, a meu ver, porque esquecemo-nos muito facilmente que também nós, um dia, precisámos de orientação para alguma coisa.
Como tal, torna-se “injusto” para o gestor ou elemento senior da equipa orientar o novo estagiário ou junior, porque o seu tempo tornou-se demasiado importante. E porque é ridículo que essa pessoa tenha de ensinar o que já está tão enraizado na sua cabeça que na verdade já se esqueceu como o deve explicar de forma simples, percetível, acessível.
Isto condiciona negativamente a passagem de conhecimento e know-how, limitando exponencialmente o potencial de organizações inteiras. Já para não falar das questões motivacionais dos “novatos” que muitas vezes simplesmente querem uma oportunidade para crescer e fazer algum tipo de diferença.
É pena que o sucesso tenda a fazer-nos esquecer que quem está abaixo, ou simplesmente num lugar diferente, também esteja sedento de saber como pode chegar onde nós já chegámos (seja lá onde isso for). Mas é também uma oportunidade para parar, dar 2 passos atrás e perguntar-nos: a quem devo o facto de estar aqui hoje? Quem foi que me orientou quando mais precisei?
Uma das coisas mais importantes que aprendi nestes últimos 4 anos foi que nada é realmente óbvio. Sobretudo para quem está a começar.
Crónica por: Roberto Estreitinho http://estreitinho.com/