Preferes ser Lobo ou Ovelha?

Já todos nos deparamos nalgum momento com esta pergunta, a qual, tipicamente remetemos à relação predador-presa na selva da vida, principalmente no meio corporativo, no qual os “implacáveis” são tipicamente designados como “Lobos”, enquanto os “benevolentes” são chamados de “Ovelhas”.

No entanto, talvez esta questão esconda muito mais do que simplesmente ser “caçador” ou “caçado”, feroz ou brando, implacável ou benevolente. Talvez seja a minha alma “lupina” a falar mais alto, mas pessoalmente tenho uma perspectiva diferente desta pergunta, isto, porque gosto de pensar em como interage cada um dos indivíduos no seu próprio meio: alcateia e rebanho.

As alcateias são sistemas sociais complexos em que cada lobo tem uma determinada tarefa. Uns são líderes, outros caçadores, há ainda as “amas” que vigiam as crias. Todos têm uma função, a qual tem como objectivo final o bem-estar do grupo. Neste grupo, os indivíduos interagem entre si, criando relações de confiança e solidariedade. Os que não podem caçar, ou porque não são fisicamente aptos ou não tem essa competência refinada, são alimentados pelos capazes. As crias são protegidas por outros elementos que fazem turnos para garantirem a sua segurança, impedindo que a futura geração pereça. Até mesmo o líder pode ser substituído se perder a capacidade de conduzir a alcateia em segurança ou se surgir um candidato mais válido e mais forte. Podemos dizer, que até certo ponto, os lobos são democráticos. Vemos portanto, que a alcateiafunciona num sistema de trabalho em equipa em que cada um tem competências úteis, e as relações decorrentes deste processo servem a todos e mantêm o grupo forte, coeso e próspero.

Mas então, e o rebanho? Também não é um grupo? Não deveria funcionar da mesma forma?

Embora o rebanho seja inegavelmente um grupo, a sua forma de funcionar é bastante diferente. É igualmente composto por um conjunto de indivíduos, mas não existem interacções sociais.

Considere o comportamento de uma Ovelha no seu rebanho: ela não interage com as restantes, cada uma fica no seu canto e faz o sabe melhor: comer erva… A Ovelha faz parte de um grupo, não por aportar valor com uma determinada competência, mas porque o número de indivíduos existente no grupo a protege de ameaças externas. Por exemplo, quando um rebanho é atacado por um predador, as ovelhas fogem e dispersam, usam o número de indivíduos existente no grupo para tentar confundir o predador e “rezam” para que a vítima seja o elemento atrás de si. (Soa-lhe familiar?) No rebanho não existe comunicação, tarefas atribuídas, e quando se toca no assunto da liderança… Bem, simplesmente seguem quem for à sua frente, sem mesmo questionar que o suposto “líder” pode ser de “outra espécie”. Isto acontece porque não existe pensamento crítico, seguem os “outros” e fazem as coisas de determinada forma porque “sempre foi assim”. Tal comportamento condicionado em massa não abre espaço para a criatividade e inovação e faz com que todos caminhem, muitas vezes, sem saber nem para onde vão, nem qual é o objectivo.

Agora, reflicta no seguinte:

Imagine que o grupo é uma organização…

Prefere pertencer a uma alcateia ou a um rebanho?

E em relação a si?

Prefere ser Lobo ou Ovelha?

Artigo por Elsa Soares

22/01/2016