Resolver problemas: devemos focar logo a solução?

Costumam dizer que não existem problemas, só existem soluções. O objetivo é nobre e percebo onde querem chegar: se tens um problema, fá-lo acompanhar imediatamente de uma solução. Mas muitas vezes esta busca imediata pela solução faz-nos esquecer que cada problema é um problema e, como tal, exige a nossa análise cuidada para saber como o vamos solucionar.

 A abordagem da imediatez, onde cada problema tem automaticamente uma solução, faz-me pensar que o que importa é pensar logo na solução sem considerar na verdade todos os detalhes que criaram essa situação em primeiro lugar. E isto em si é também um problema, por dois motivos:

 1)  Dá a entender que procurar uma solução é preferível a entender um problema.

 2)  Consequentemente, passamos mais tempo a criar soluções que frequentemente não sabemos se são as que precisamos para o problema em questão.

 Einstein é citado como dizendo que se tivesse uma hora para resolver um problema, passaria 55 minutos a pensar nesse problema e 5 minutos a pensar em soluções. O que muda aqui? Acontece que é dada uma ênfase muito maior a um diagnóstico assertivo, apropriado, informado, ponderado, e só com base nesse diagnóstico é que se pensa como vamos resolver o problema em questão. O bónus: normalmente um diagnóstico bem feito contém já em si a solução que precisamos.

 É comum na gíria do empreendedorismo pensar que vamos resolver problemas; é esse o objetivo, não há dúvida. Mas é também comum olhar para os problemas como o adversário a abater, a noção que não devia existir porque desequilibra a ordem natural das coisas, o desafio que já está contemplado no pipeline da empresa e já sabes: “é para resolver ASAP!”

 Os problemas são na verdade os nossos melhores amigos, porque são as principais fontes de insights para fazermos bem o nosso trabalho. É deles que partem as soluções, mas não é menos verdade que uma boa ideia para o problema errado nunca é uma boa ideia. Um bom diagnóstico precede sempre uma boa solução.

 Não é possível ser um problem solver sem antes ser um problem analyst.

Crónica por: Roberto Estreitinho http://estreitinho.com/

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11/10/2013