Santa Casa vai lançar uma agência de emprego para pessoas com deficiência

O projeto vai ter o apoio da Segurança Social e está inscrito no Orçamento do Estado. Edmundo Martinho, provedor da Santa Casa da Misericórdia de Lisboa, garante que a plataforma vai ficar disponível ainda este ano.

“Estamos a preparar tudo para no início de dezembro, o mais tardar, possamos disponibilizar já este serviço a todas as pessoas com deficiência que o queiram. Estamos a fazer contactos com empresas e queremos mobilizar toda a sociedade portuguesa para este processo. Temos um défice muito grande de empregabilidade das pessoas com deficiência e temos todos a obrigação de reverter essa situação”, explicou à TSF Edmundo Martinho.

Atualmente existem outros serviços de apoio ao emprego de pessoas com deficiência, mas Edmundo Martinho diz que este projeto pretende mudar o paradigma na contratação de pessoas com deficiência.

“O que queremos é alterar substancialmente o paradigma de empresas que empregam pessoas com deficiência muito na perspetiva dos benefícios fiscais que daí possam resultar ou dos apoios. Não quer dizer que os apoios não sejam legítimos ou não devam continuar a ser aproveitados, mas temos de entender todo este processo numa lógica de acesso a oportunidades de construção de carreiras profissionais”, afirmou o provedor da Santa Casa da Misericórdia de Lisboa.

O serviço é gratuito para candidatos e empresas. Vai funcionar através de uma plataforma online onde é preciso criar um registo.

“Cada pessoa fará a construção do seu perfil para que possamos, a cada momento, saber quais são os interesses dessas pessoas, a sua formação, aptidões e capacidades disponíveis. Faremos, a partir daí, todo o contacto permanente com empresas. Estaremos permanentemente alerta relativamente a oportunidades de trabalho para que possamos apresentar às empresas o currículo destas pessoas e ajudá-las na entrada no mercado de trabalho”, esclareceu Edmundo Martinho.

A agência “Valor T – Talento e Transformação” vai ser gerida pela Santa Casa da Misericórdia, que já tem uma equipa de dez pessoas a trabalhar no projeto. O orçamento para o primeiro ano é de um milhão de euros.

“Para já, os custos serão suportados pela Santa Casa da Misericórdia de Lisboa e, eventualmente, com acesso a apoios públicos ou fundos comunitários que possam existir nesta dimensão, mas isso não será impedimento para que o processo avance”, acrescentou o provedor.

Centenas de pessoas com deficiência podem perder apoios por falta de juntas médicas

No início da pandemia deixaram de realizar-se juntas médicas e, apesar de o Governo ter constituído equipas para desbloquear a situação, o movimento Cidadão Diferente garante que pouco ou nada mudou. Miguel Azevedo, porta-voz deste movimento, disse que há uma diferença entre o que diz o Governo e o que é praticado nas unidades de saúde.

“O Movimento Cidadão Diferente teve em julho uma reunião com a secretária de Estado para a Inclusão que nos informou que foram criadas 57 juntas médicas mas, em abono da verdade, as unidades de saúde pública dizem que não sabem e não têm previsão”, esclareceu Miguel Azevedo.

Fonte: Radio TSF

15/10/2020